Perseguir uma ideia é como caçar. Apercebemo-nos de leves indícios, uma pista. Seguimos-lhe o rasto. Se intuirmos ser uma boa ideia perseguimo-la até onde for necessário desde que possamos apanhá-la. Seja como for, o resultado da caçada depende muito da natureza da ideia perseguida.
Há ideias que quando se apercebem que estão a ser perseguidas esperam por nós de sorriso afivelado e se deixam capturar com alegria. Outras são esquivas e deslocam-se com uma rapidez incrível nunca deixando a protecção das sombras que povoam a nossa imaginação. Há ideias que conseguimos encurralar mas que nos resistem com heróica ferocidade por não quererem ser nossas. Ideias admiráveis.
Há ideias que são como borboletas, que se mascaram com grandes olhos e cores provocantes para confundirem os predadores e outras ideias que são como camaleões perfeitos. Embora saibamos que estão ali mesmo à nossa frente não conseguimos isolá-las nem distingui-las da paisagem. Movem-se com uma lentidão exasperante e, no entanto, são praticamente inalcançáveis. Ideias terríveis.
Caçar ideias é uma actividade que poderá ter tanto de apaixonante como de frustrante. Importa saber o que fazer com uma ideia após a sua captura: se a destruímos, se a engaiolamos, se a tentamos domesticar ou a deixamos ir à sua vida.
Se a ideia gera algum tipo de expectativa em nós, seus captores, poderemos guardá-la, observá-la, ver como cresce e se transforma. Esse processo gera com frequência alterações tanto no captor quanto na presa engaiolada.
Imagino que tenha sido assim que surgiram os primeiros deuses e, por consequência, nós tenhamos sido por eles criados.
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