quinta-feira, novembro 25, 2021

Universos

     Espanta-nos a desfaçatez dos ricaços que se consideram acima da Lei? Não devia espantar, ou melhor, espanta-nos porque não fazemos ideia do que significa ter tanto dinheiro, ser tão ricaço. Somos uns ignorantes das coisas do poder. Pobres pobretanas.

    Já por várias vezes aqui declarei a minha incapacidade para lidar com números. A partir da ordem das centenas começo a perder o sentido à coisa, ultrapassando os milhares fico deveras aflito e, chegado aos milhões, é como se fosse teologia avançada. Transpondo esses números para dinheiro, euros ou outra materialização da divindade, então é que nada faz nem o mais pequeno dos sentidos.

    Confunde-me a necessidade de acumulação infinita que parece ser o mantra da nossa sociedade capitalista. Agimos como se nada tivesse um limite, banalizámos perigosamente o conceito de Universo. A Economia tem de crescer em flecha, ano após ano, a capacidade tecnológica não admite fronteiras para as possibilidades que nos oferece, criando um Universo paralelo no qual todos podemos ser felizes embora nem todos lá tenhamos um lugar à nossa espera. 

    Tudo é infinito, desde a felicidade que nos é prometida pelas campanhas publicitárias até à capacidade de enriquecimento dos ricaços, passando pela capacidade de ser miserável que caracteriza aquilo a que designamos por "franjas" da sociedade. Tudo constitui um universo separado e particular, movemo-nos entre o universo mediático e o universo económico e o universo da Marvel e da DC Comics e o universo do desporto de alta competição; universo, universo, universo, tantos universos! Todos eles infinitos e em expansão. 

    Quem conseguir compreender este fenómeno improvável (infinito em expansão) por favor: EXPLIQUE-ME! Mas de forma a que eu seja capaz de compreender. Acho que vou incluir este pedido na minha carta deste ano para o Pai Natal.

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