Antes de continuar a avançar pensou que seria aconselhável verificar com rigor onde colocar o pé direito. Assim fez. Pisou com segurança o degrau seguinte. Pé ante pé foi subindo, sempre com absoluta certeza de que não pisaria em falso, que cada novo passo o conduziria um pouco mais acima, um pouco mais perto do seu objectivo.
Chegado ao topo olhou para trás. A escadaria perdia-se numa escuridão profunda e assustadora. Ali estava num patamar que não conduzia a lugar algum. O espaço esgotava-se no plano onde assentava os pés. Andou de um lado para o outro tentando perceber a razão que o levara a subir até ali mas não foi capaz de recordar o objectivo da sua cuidadosa viagem.
Sentou-se, cruzou as pernas numa posição que sugeria meditação mas, na verdade, tinha o espírito vazio. Que fazer, agora que estava ali? Quando iniciou a subida não sabia o que iria encontrar. Imaginou muitas coisas diferentes, sentira uma espécie de promessa surda, uma esperança qualquer mas não estava preparado para algo tão cruel como aquele patamar vazio no topo da escuridão.
O que fazer? Esperar que a fome e a sede se tornassem insuportáveis? Descer a escadaria regressando ao ponto de partida? Não concebia nada que lhe parecesse lógico nem correcto. Levantou-se, apoiou as mãos no resguardo metálico e enferrujado que circundava o patamar. Olhou para o vazio negro e...
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