quarta-feira, junho 16, 2021

Ser branco

Tenho um livrinho aberto nas mãos. É a "História Universal da Infâmia", essa barroca sucessão de narrativas pela voz imensamente literária de Borges, o escritor infinito. 

Olho a minha mão, o meu polegar. Olho o meu braço: qual a cor da minha pele? Tento encontrar palavras capazes de explicar aquilo que os meus olhos vêem. A cor e o tom são indefinidos, não descubro uma expressão adequada. Qual a minha cor?

De uma coisa tenho eu certeza absoluta: não sou branco! Brancas são as páginas do meu livro.

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