Trago pinturas dentro da cabeça que não consigo espremer até à ponta dos meus dedos. São imagens fantasma, ideias perdidas na fronteira, coisas sem forma definida, coisas por nomear, pequenos querubins perdidos no limbo que imploram ajuda para virem até este mundo. Por favor!
Entre o que trago dentro de mim e este mundo existe uma fronteira implacável que é o meu corpo. Fronteira e presídio ou hospício, algo assim, é como me sinto. Impeço a beleza, não premeditadamente, antes por incapacidade de a compreender completamente. E ela fica dentro de mim, não consegue sair.
Trago pinturas dentro de mim que, com extrema dificuldade, vagamente vislumbro. Envoltas numa neblina (que nada tem de mística), as formas hesitam, as cores esbatem-se, peco-lhes o sentido. Para criar é necessário ser capaz de parir.
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