Muito se preocupam as mentes brilhantes que governam o nosso futuro com as competências das jovens gerações no que à matemática diz respeito. Estão fraquinhos, os putos, no desvendamento dos segredos da linguagem numérica; não pode ser! Precisam de mais horas de aulas, mais tempo de trabalho nas grutas dos números, haja quem lhes martele o juízo com a complexidade das operações que lhes falecem. O resto não interessa muito. A literatura, a arte, a história, coisas menores, universos dispensáveis.
E cada vez mais as jovens gerações vão sendo cada vez menos... jovens? Receio que estejamos a fomentar comportamentos zombies entre a petizada. Absortos nos seus gadgets tecnológicos, imersos em mundos exclusivamente eléctricos e virtuais, com a cabeça atulhada de números: zero um, um um, zero zero, um zero. O mundo, assim descrito, perde a sua dimensão animal, confunde sensações e sentimentos. Ficam pobrezinhos, os jovens. Pobrezinhos que nem pedir sabem, sentados nas soleiras das portas das suas catedrais tecnológicas.
E são estes pobres-de-pedir quem escreve os algoritmos que depois se autonomizam e crescem como divindades absolutas que zelam pelo nosso quotidiano, os algoritmos que a cada dia que passa nos assustam um pouco mais. Tememos a autonomização das máquinas, a dificuldade que temos em ensinar-lhes o que é Ser Humano; tememos a substituição, tememos ser dispensáveis, descartáveis, tememos tornar-nos absolutamente inúteis.
Penso que, na verdade, devemos temer não os algoritmos mas aqueles que os criam. Penso que quem não compreende o Ser Humano somos nós. As máquinas reflectem aquilo que somos e tornam-se coisas monstruosas.
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