O futuro começa a tomar forma. O "sonho americano" revela-se "notícia falsa" e o "pesadelo chinês" parece ganhar força, alastrando no mapa planetário. Onde se encaixa a União Europeia nesta ordem mundial que se redesenha? Seja qual for o modelo onírico prevalecente será sempre o dinheiro a ditar os contornos definitivos da coisa social.
Deus reaparece em força. Ele sempre andou por aí. Já se sabe que os americanos confiam nele (afirmam-no nas notas de dólar), que os iranianos obedecem à sua lei, que os turcos são um povo devoto e os brasileiros acreditam que Deus é natural do Rio de Janeiro. Sabe-se também que Paulo Portas é confidente da Virgem Maria, que Putin se vem convertendo em ícone russo e que Israel é o povo escolhido e tudo o que faz é mero reflexo da vontade inquestionável e inatingível de Jeová. Esta acumulação patética de hipocrisia e agressividade moral tem muita influência na definição dos traços carregados que contornam o futuro.
As coisas acontecem num determinado momento, o ponto exacto da quebra, da transformação de algo numa outra coisa. Pode ser amanhã, daqui a dez anos, pode ter sido agora mesmo ou até, algures, no passado sem que nos tenhamos apercebido da importância radical de um qualquer acontecimento que desviou o futuro daquilo que imaginávamos que viria a ser. O tempo do comboio a vapor acabou há muito. Hoje dirigimo-nos para o nosso destino a bordo de um comboio-bala desenfreado. A chegada à estação não se adivinha auspiciosa.
À medida que vou escrevendo estas palavras uma pergunta vai-se formando no meu espírito inquieto: e se o futuro já tiver acontecido?
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