A Dúvida é meia-irmã da Consciência, geradas na união da mesma mãe, a Verdade, com pais diferentes, ambos incógnitos e arredios, como tantas vezes acontece, pais que um dia foram comprar fósforos para acenderem o cigarro no fim da refeição nocturna e nunca mais voltaram. A Verdade é assim mesmo, enganada uma e outra vez por parceiros sedutores e pouco honestos. Cabrões aproveitadores.
E lá cresceram juntas, as miúdas, num lar problemático, discutindo amiúde, discordando por tudo e por nada. A Dúvida sempre insegura, a Consciência descobrindo a cada passo princípios orientadores do pensamento mas nunca capaz de os demonstrar de forma inequívoca. Pobre mãe, a Verdade, hesitante na educação das suas crias, amando-as por igual, eternamente.
Esta abstrusa mitologia de taberna é, toda ela, protagonizada por personagens femininas e quase sempre discutida e enriquecida por homens bêbados que se distraem e confundem, observando o Mundo através de lentes distorcidas, mais propensas a produzir cegueira que capazes de definir os contornos das coisas com um mínimo de rigor e clareza.
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