domingo, agosto 11, 2019

Barrigas simbólicas

Devo andar a passar por uma cena daquelas que têm a ver com a idade, uma crise qualquer, decerto já estudada e registada em revistas da especialidade e em revistas de curiosidades. Esta manhã dei por mim a reparar nas barrigas dos homens que iam passando. Grandes barrigas!

A minha atenção para as referidas barrigas foi atraída, decerto, por ter reparado na minha própria pança logo após a banhoca matinal. Está a ficar insistentemente proeminente, uma redondeza balofa a querer marcar posição no meu corpo. Vejo-a, penso nela, não gosto de a transportar mas, verdade seja dita, não faço nada de especial que a contrarie e a barriga vai ficando.

Voltando atrás, reparava eu nas barrigas. Contas arriscadas e feitas por alto, anotei mentalmente aí uns 80% de barrigudos. Isto entre novos e velhos e mais ou menos, a barriga não parece escolher idades. Ali estava eu, com a minha barrigota, a reparar nas dos outros. Burgueses como eu, pessoas sem aparentes problemas de subsistência, produtos acabados de um certo modo de vida que assenta no consumo, muito para lá da satisfação das necessidades básicas.

Dei por mim a pensar que estas nossas barrigas são imagem, ícone e reflexo da forma como vamos exaurindo o planeta. As barrigas simbolizam a morte lenta da Terra?

Sem comentários: