sexta-feira, outubro 26, 2018

Questão de coração

Andamos todos confusos com o desenrolar alucinante dos acontecimentos que nos últimos tempos têm alterado a ordem que vinha definindo o nosso mundo. A coisa passa-se tão perto de nós, tão à frente do nosso nariz, que não temos afastamento suficiente que nos permita percepcionar os contornos do bicho, compreender o fenómeno.

Há quem trema de receio que o Fascismo regresse, quem levante as bandeiras do "politicamente correcto", quem aponte o dedo acusador aos emigrantes, aos pretos, aos pobres, aos comunistas, aos homossexuais, aos velhinhos e aos amantes da Natureza, há grupos de apoio para tudo e de oposição a mais alguma coisa. Andamos numa roda-viva.

No meio da refrega vemo-nos impelidos a escolher um dos lados da barricada e é nesta situação que se revela a massa de que somos feitos pois uma escolha como esta é feita com o coração; absolutamente. Eu sei que procuramos uma justificação mais ou menos racional que corrobore a nossa opção mas isso não passa de reflexo cerebral condicionado, é no tambor do nosso coração que encontramos a explicação para a essência das escolhas que fazemos nesta refrega.

Assim vivemos estes acontecimentos pré-apocalípticos com o coração ao pé da boca. Braços no ar, punhos erguidos contra mãos estendidas, a história a repetir-se, desta vez como Tragédia. Novos fascistas, novos comunistas, novos anarquistas, novos sociais-democratas, socialistas, tudo remisturado pela varinha mágica do tempo, preparando-se para um novo embate, semelhante a todos os anteriores mas em diferentes locais, com novos actores, diferentes figurinos e cenografia renovada.

Nesta Tragédia cada um escolhe a personagem que pretende interpretar. Segue o teu coração.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não acredito que esse novo apocalipse aconteça nos moldes dos anteriores. O que estamos vendo, pelo menos aqui no Brasil, é um "chega-pra-lá" na esquerda que estava colocando o país no descaminho da Venezuela, que tenta copiar Cuba, que já decidiu copiar os Estado Unidos. Claro que nós neste terceiro mundo estamos sempre 50 anos atrasados da Europa e mundo desenvolvido. E nunca vamos conseguir tirar a diferença, porque não aprende-se com as experiências alheias. Mas não acredito nessa história de fascismo. O que há é um freio ao descalabro da esquerda, essa sim fascista. Como percebe o meu personagem já escolhi.