sexta-feira, setembro 30, 2016

Viva Miró!



A decisão de manter as tais 85 obras de Miró em Portugal é notável. O facto de virem a ficar no Porto é uma notícia excelente. Podem Passos Coelho e os seus rapazes franzir o depilado sobrolho pretendendo fazer passar a ideia de que as questões culturais não são tratadas de forma diferente quando temos a direita ou a esquerda no poder que, perante esta exemplar evidência, todos percebemos a realidade. A esquerda (ainda) encara a Cultura sob uma perspectiva muito diferente daquela que orienta a miopia direitista neste capítulo da nossa vida colectiva. Não vale a pena discursar, basta-nos olhar. E ver.

Os que se aprontavam para vender em leilão a célebre colecção Miró e lucrar com isso devem estar a roer nervosamente as unhas por terem deixado escapar entre os dedos tão apetecível oportunidade de negócio. Foi por pouco! Mesmo em termos meramente economicistas a venda em leilão seria um negócio fatela. Por muito elevado que fosse o montante amealhado tratar-se-ia de fraco lenitivo económico. A instalação da colecção na Cidade Invicta acrescenta valor ao Porto, à Região Norte e ao país. É uma espécie de produto de exportação ao contrário que atrai riqueza sem sair de Portugal. Ainda por cima significará mais alguns postos de trabalho directos e indirectos… qualquer pessoa que olhe para isto com boa-fé só vislumbra vantagens na decisão política tomada pela “geringonça”. O lucro será conseguido a longo prazo e, no fim das contas, o erário público irá ganhar muitíssimo mais do que ganharia com um negócio de mercearia feito à pressa como se tem feito quase sempre que se trata de vender a coisa pública a benevolentes e desinteressados investidores privados.

A rapaziada da direita precisa de estudar as fábulas moralistas com mais atenção. Talvez os jovens governantes laranjinhas não tenham compreendido bem a história da Galinha dos Ovos de Ouro; reconheço que não está ao alcance de todos. Deixo a sugestão de que abordem essa e outras fábulas na próxima Universidade de Verão do PSD em vez de andarem a aprender a fazer spin ou a descobrir a melhor forma de dar graxa ao chefe. Iam ficar melhores pessoas e líderes mais preparados, disso não tenho dúvidas.


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