domingo, abril 17, 2011

Era noite de lua cheia (não era?)


Ontem a lua, se não estava cheia, parecia estar. Foi noite de teatro, ou, pelo menos, noite de uma coisa muito parecida com teatro.

Primeiro: o espaço.
A sala do Teatro Municipal de São Luiz é uma daquelas salas onde, aconteça o que acontecer, será sempre teatro. Nem que seja um gajo a serrar troncos de pinheiro com uma motoserra, a berrar indecências, se for lá dentro, em cima daquele palco aberto naquele espaço, é teatro. O cenário era um cais encalhado na sua própria decrepitude. Com 3 músicos em 1º plano e um nevoeiro cerrado, cortado por focos luminosos vindos do alto, castelos no ar.

Segundo: o que se passou no palco.
A Lua de Maria Sem é um híbrido. Cruza teatro e fado. Mesmo o fado dentro do espectáculo é um fado estranho, com arranjos magníficos e a voz planante de Manuela Azevedo, é um fado que aconchega o desconforto, que ajuda a suportar toda a dor e toda a melancolia que vêm lá do fundo. Uma coisa. Maria João Luís, sabe quem já viu, é um fenómeno estonteante sempre que pisa um palco. A forma como diz, como esculpe as palavras, transportam o espectador, melhor dizendo, transportam a sala inteira, para um espaço diferente. No caso deste espectáculo, são duas vozes de magia.

Terceiro: a lua.
Resumindo e concluindo; acabado o espectáculo ficou a lua que, se não estava cheia, era exactamente como se estivesse.

2 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

A ver vamos...

Silvares disse...

Vejamos... e ouçamos!
:-)