Os debates entre os cãodidatos à presidência da república têm sido um sinal dos tempos. Na verdade não são debates, são outra coisa qualquer para a qual ainda não foi encontrada designação a preceito.
Os oponentes estão de ladecos um pró outro e só falam com os entrevistadores ou moderadores ou... enfim, com quem têm à frente, como é normal. Os contactos entre eles são em diferido e, caso pretendam olhar-se nos olhos, vêem-se obrigados a retorcer-se quais enguias na ponta do anzol.
Começa a chatear o pessoal que estejam sempre a dizer a mesma coisa, respondendo a questões circulares que rondam os mesmos temas com a única diferença de serem formuladas pelos pivots das várias estações que organizam os ditos debates.
Vão mudando as parelhas mas o discurso é mais ou menos o mesmo, como as rábulas dos palhaços nos circos de antigamente. O rico, branco, de lágrima pintada na bochecha e o pobre, de nariz vermelho e chapéuzito amarrotado. Mudavam os circos, mudavam os homens debaixo das figuras, mas as anedotas pouco variavam e pouca piada tinham. Ou então eram cómicas e era eu percebia mal o alcance da coisa!
A coisa resume-se ao embrulho. O conteúdo é dispensável. Anunciam-se os debates como se de combates de boxe se tratasse e aproveitam-se os intervalos para publicitar prendas de natal e sabonetes.
Cavaco é o paradigma da coisa. Fala sem dizer nada o que, convenhamos, é feito considerável. Caso venha a ser eleito será a imagem reflexo dos eleitores. Vazio, inculto e com um penteado que mete medo.
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