Havia de chegar um comboio caído do céu que atropelasse aquela cambada de filhos-de-uma-grande-puta que os pariu! Havia de existir um deus verdadeiro, um deus justo que existisse mesmo e lhes atirasse para cima uma doença, uma sarna peganhenta que lhes pusesse o corpo todo numa chaga e os obrigasse a andar pelos cantos a coçarem-se como cães sujos, Titanics de pulgas e carraças, o corpo todo aberto num sanguinolento sofrimento, que é o que eles merecem, grandes cabrões, vigaristas das dúzias! Havia de rebelar-se a Natureza e provocar-lhes mutações que mostrassem ao mundo o verdadeiro aspecto daqueles animais esbaforidos, daquelas bestas hediondas que trazem escondidas dentro: os focinhos, as dentuças, a baba malcheirosa a escorrer-lhes desde as beiças até transformar o chão que pisam em lama e pasto de minhocas.
Mas não, nada. Continuam vestidinhos nos seus fatinhos caros e gravatinhas de uma cor, penteadinhos (imagino que também perfumadinhos), como se nada de especial se passasse, como se estivessem apenas a cumprir a vontade de deus, do deus deles, um deus mesquinho e pastoso, uma coisa amorfa, pesadona e incómoda que ou se venera ou se é por ele devorado.
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