É tão difícil compreender o que quer que seja mais complexo do que "o sol nasce - o sol põe-se". Mesmo isso pode tornar-se complicado, o Mundo não se deixa capturar. De forma nenhuma. Tenta-se a matemática, tenta-se a poesia, o esoterismo e a filosofia. Seja qual for a linguagem através da qual tentemos ler os sinais que o Mundo nos vai deixando a pontuar o caminho percorrido pela nossa espécie ao atravessar a floresta do Tempo, seremos sempre pequenos polegares perdidos e aterrorizados à procura de conforto e protecção.
O caminho individual não parece funcionar lá muito bem, precisamos de companhia. Há passarões fantasmagóricos sempre dispostos a bicarem os sinais deixados pelo Mundo, os passarões querem a nossa perdição. E nós perdemo-nos. O entendimento do Mundo é assunto tão vasto e complexo que inventámos máquinas para o entenderem por nós. Mas são máquinas, Senhor! Os resultados das suas reflexões serão sempre insuficientes, desviados do Humano, pensamentos artificiais. Não servem para nós, não resolvem o nosso problema.
Quanto mais depressa nos desenganarmos melhor. Melhor e pior. Quanto mais depressa percebermos que estamos sós, que fomos abandonados na floresta, quanto mais depressa abrirmos os olhos para a espessa escuridão que nos envolve, mais depressa perceberemos que não existe nada que possamos designar por "salvação". Para nos "salvarmos" teríamos de nos exterminar a nós próprios e, caso o fizéssemos, nunca poderíamos confirmar ter encontrado a solução do problema.
Somos como um cão. Um cão que tente morder a própria cauda acabada de cortar rente com uma navalha afiada.
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