Não sei o que dizer. Sinceramente!? Nem sequer sei o que fazer. Assim sendo, deixo o trabalho entregue aos mecanismos do relógio na esperança de que as coisas possam fazer algum sentido caso seja o Tempo a responsabilizar-se pelo desenrolar dos acontecimentos. Entregar o destino a molas e rodas dentadas, ponteiros presos ao centro da circunferência das horas do dia.
A impotência é grande. Perante a inevitabilidade dos acontecimentos encolho-me, abstenho-me, anulo-me. Faço a única coisa que me parece estar ao meu alcance: desenho. Como se cada imagem pudesse sublimar tudo o que se revolve dentro do meu ser; as tripas misturadas com a alma, o coração a tentar ser inteligente, as mãos resolvendo o que o cérebro não abrange sequer, coisas impossíveis, coisas patéticas: humanidade.
Tivesse eu garras e presas, fosse eu todo músculo, todo instinto, todo arrojo, fosse eu um lobo faminto e talvez o mundo fizesse mais sentido, talvez pudesse viver mais sossegado, apesar do frio, apesar da fome, apesar dos homens.
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