Cantam passarinhos dentro desta minha cabeça. Piu, piu, repiupiupiu, cantam eles e eu avanço feliz, aos pulinhos pelo trilho da floresta. As árvores são de betão, as vacas deslocam-se sobre rodas, o prado é pintado de verde com umas pintas vermelhas aqui e acolá. São papoilas.
Não tenho tempo a ganhar, como tal não poderei perdê-lo. Um pterodáctilo passeia lá bem no alto, um macaquito sem pêlo olha-me de soslaio. Esconde qualquer coisa encostada ao peito ao virar-me as costas. Não me interesso por ele, muito menos por aquilo que esconde. Quero que o macaco se lixe. Prefiro dar atenção aos passarinhos que me esvoaçam no sótão. Piu-piu-piu-trólarópiupiu. A música é alegre e deixa-me bem disposto.
Chego finalmente à escola. Tudo parece continuar no devido lugar. A bicharada esvoaça, rasteja, saltita, urra, pipila, zurra, tudo parece confirmar a torpe banalidade do costume. Quem tiver de comer haverá de fazê-lo, quem tiver sina de ser comido haverá de tentar escapar à dentuça alheia.
Peixes grandes comem peixes pequenos.
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