sábado, setembro 04, 2021

Do sarcasmo

Por vezes sinto uma vontade descontrolada de ser ácido, sarcástico e usar as palavras como pequenas marretas nas cabeças de algumas pessoas que, por uma razão ou por outra, me foram desagradáveis. Sinto um ligeiro remorso mas sabe tão bem que não evito fazê-lo. De forma nenhuma!

E lá vem o problema: o facto de me ser aprazível zurzir tolices na paciência de outras pessoas dá-me esse direito? E se os outros me responderem à letra? É bem feito. E se me responderem fora do contexto com insultos directos e deselegantes? Já não me parece tão bem feito, mas acontece. O jogo do sarcasmo tem regras que se intuem mas que não estão ao alcance de qualquer macaco. Há demasiada gente com o sentido de humor de um armário de cozinha, gente que não é capaz de encaixar uma boca marada sem reagir atacando à bomba.

A meu ver precisamos de exercitar o sarcasmo com maior regularidade e outra paixão. Precisamos de ensiná-lo nas escolas, de veiculá-lo nos meios de comunicação social, precisamos de o estudar praticando-o. Estarei a ser sarcástico à medida que vou escrevendo este texto? Não sei e se soubesse também não te dizia.

 

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