quarta-feira, novembro 25, 2020

Pensamento perdido

Não terá também a Arte Contemporânea a sua componente mimética? Quero dizer, se até ao pós-modernismo a arte procurou mimetizar o mundo através da representação da forma, não estará agora a tentar mimetizá-lo interpretando outras dimensões da existência (dos objectos, do ser humano) que obrigam à aplicação de processos criativos diferentes? Certamente que a representação de um conceito político, por exemplo, obriga a um processo mental muito diverso daquele que decorre da tentativa de representação de uma natureza-morta. Entre representar artisticamente aquilo que vemos (a natureza-morta) e aquilo que apenas podemos intuir (o conceito político) espraia-se todo um universo criativo difícil de explicar porque, como todos os universos, se encontra em expansão permanente, para lá do infinito.

 

Talvez o pós-modernismo se baseie essencialmente numa tentativa de desmaterialização do objecto artístico mas, talvez, essa desmaterialização não seja completa pois a linguagem artística terá de estabelecer sempre uma espécie de forma material. Mesmo a arte conceptual raramente consegue abdicar de algum tipo de forma materializada uma vez que, de outro modo, dificilmente seria apreensível pelo espectador.

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