quinta-feira, julho 18, 2019

Cultura


Quando Picasso viu, pela primeira vez, máscaras africanas ficou siderado. A partir daí a história da pintura deu uma cambalhota e a grande arte do Ocidente revolucionou-se milhentas vezes. A pintura europeia é superior à pintura africana? Ridículo! Existe apenas “pintura”, independentemente do tempo e do local onde foi (e é) criada, fruto das circunstâncias que cada pintor vivencia. 

A cultura é uma coisa informe que vamos moldando ao longo da nossa existência. É permeável, influenciável, mutante. As fronteiras culturais existem apenas como indicadores, marcações abstractas que ajudam a arrumar ideias em prateleiras e a enfiar princípios em gavetinhas. As fronteiras culturais são invenções potencialmente perversas que mais não fazem que gerar sofrimento. 

Quantos deuses foram únicos e senhores absolutos? Quantas guerras santas já arrasaram o planeta em nome da bondade e da verdadeira fé? 

O tema é inesgotável porque é universal. Não pretendo ter razão.

2 comentários:

João Menéres disse...

Apreciei imenso as suas considerações, caro Silvares.

Um abraço.

Anónimo disse...

Pode não querer ter razão, mas esta absolutamente certo.