terça-feira, abril 17, 2018

Reflexos do futuro

Tive um debate interessante com alguns dos meus alunos mais velhos sobre a forma como cada de um de nós olha para a cidade em que vivemos.

O debate foi a propósito da participação que aceitámos numa exposição com a designação de "Almada Futurista". Pretende-se expor a perspectiva dos jovens mais jovens sobre o espaço urbano entendido de forma abrangente, espaço não apenas físico.

Propus que reflectíssemos sobre a questão tendo duas abordagens: os nossos anseios e os nossos receios. A coisa fluiu, levou-nos em várias direcções, a conversa ora animou ora amainou. Houve duas ideias que me ficaram a martelar na cabeça.

Ideias encontradas depois de entrar pela porta dos receios: alguém afirmou peremptoriamente que "Almada está cheia de velhos!" Pareceu-me exagerado mas não rebati, pedi explicações, propus troca de argumentos. A ideia manteve-se inalterada: Almada está cheia de velhos.

A partir desse dia comecei a reparar com maior atenção nas pessoas que se cruzam comigo na rua. De um modo geral parecem-me exageradamente envelhecidas, a minha aluna tinha razão? Talvez eu estivesse a ser vítima da sugestão, talvez a realidade não fosse tão... enrugada.

Houve também quem mostrasse algum receio de que a cidade esteja a morrer. Prova? Os estabelecimentos comerciais que vão fechando sem que outros abram nos mesmos espaços gerando montras vazias em lojas sem luz no interior. Haverá algo mais deprimente nas ruas de uma cidade onde as pessoas ainda se vão movimentando?

Foi então que as duas ideias se cruzaram: a cidade envelhece e morre. Envelhecem as pessoas e, a primeira coisa a morrer, são os espaços comerciais. O que virá a seguir?

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