sábado, janeiro 11, 2014

A moldura

Nunca fui grande admirador da pintura de Renoir. Nem quando a conhecia apenas através de fotografias, bastante menos, ainda, depois de ter visto ao vivo umas quantas obras do grande mestre francês. Parece-me uma coisa pesada, sofrida, um tanto forçada. Mas é a minha opinião pessoal que vale o que vale.

Serve este introito para chamar a atenção do delicado leitor para o episódio rocambolesco do "pequeno" Renoir desaparecido que foi comprado por uma senhora americana numa feira da ladra por 7 dólares entre outros objectos (ler aqui a interessante notícia com links para outras narrativas relacionadas com o episódio).

Não pretendo reflectir sobre a questão legal que se desencadeou quando a senhora tentou vender a obra em leilão e o Museu de Arte de Baltimore veio reclamar a posse legal da pinturinha que havia sido roubada em 1951. O Museu acabou por reaver a coisa. O que me chamou a atenção nesta historieta foi a razão que levou a tal senhora a adquirir a obra.

A senhora comprou a pintura porque gostou da moldura. O facto de ter uma plaquinha com o nome de Renoir não lhe disse nada pois não fazia ideia de quem fosse o artista. Foi a moldura que a fascinou o suficiente para desembolsar os tais 7 dólares. Isto deixa-me a pensar sobre as razões que podem levar-nos a amar um objecto.

A velha questão da forma e do conteúdo que, no caso de Renoir e outros artistas seus contemporâneos (ah, os Impressionistas...), é muito mais forma que conteúdo. É de tal modo forma que a moldura se pode tornar mais chamativa que as pinceladas do mestre.

Mas é, convenhamos, uma belíssima moldura!

3 comentários:

João Menéres disse...

Que insólito, Rui...

Um abraço.

the dear Zé disse...

eh eh eh

Silvares disse...

Amigos, histórias destas fazem-me acreditar um pouco mais na Carochinha.