segunda-feira, dezembro 17, 2012

A morte como Bela-arte

"Mata-os suavemente" é um filme que tenta fixar uma estranha forma narrativa, sobrepondo duas camadas, duas linhas narrativas, em simultâneo.

Por um lado seguimos os acontecimentos que vão constituindo o quotidiano sombrio das personagens, por outro acompanhamos, através da TV e de um ou outro "outdoor" a campanha eleitoral que marcou o fim do reinado de Bush e a ascensão de Obama à presidência dos EUA.

Há sempre uma espécie de eco, um eco da realidade histórica, que se sobrepõe ao fio narrativo e ficcional do argumento. O resultado é, por vezes, elegante, noutras ocasiões resulta num grosseiro sublinhar daquilo que está, evidentemente, retratado perante os nossos olhos.

Talvez resida aqui alguma fragilidade, uma certa incapacidade de manter um discurso equilibrado, como se o realizador ora considerasse o espectador como alguém inteligente ora estivesse a dirigir-se a um imbecil, incapaz de compreender certas subtilezas narrativas.

Em termos formais pareceu-me muito bom. Os enquadramentos e as sequências visuais têm momentos perfeitos. Quando a cena exige contenção e simplicidade, ela está lá, quando o realizador sente necessidade de estilizar a acção ao ponto de a transformar em mero artifício não hesita em fazê-lo. A violência tem momentos de uma beleza pungente, quase comovente, que divide com situações de uma crueza selvagem.

Uma última palavra para os desempenhos dos actores, merecendo destaque a prestação de James Gandolfini, um assassino a perder a mão e o jeito. Os outros, com Brad Pitt à cabeça, vão todos em grande estilo.

Enfim, um filme a ver com o agrado que formos capazes de sentir perante um objecto predominantemente sombrio.

5 comentários:

Anónimo disse...

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Beto Canales disse...

O Homem da Máfia, por terra brasilis..

Jorge Pinheiro disse...

Achei o filme formalmente exagerado e substancialmente imperfeito. O resultado é um desempenho excessivamente contido e uma narrativa hiperbólica sem conteúdo evidente. Enfim, fraco.

Silvares disse...

Beto, agora que fala nisso... há Máfia naquele filme?

Jorge, formalmente talvez desequilibrado. Tem momentos de grande contenção, planos longos, cenas inteiras de diálogo em plano/contra-plano do mais simples que o cinema já viu(será aqui que encontras o desempenho exageradamente contido?). Já a perfeição tem muito que se lhe diga... a narrativa pareceu-me redundante. A mensagem é clara. Talvez não seja muito evidente a existência de um conteúdo para lá desta redundância mas o desempenho dos actores convenceu-me. Posso concordar que o filme é fraco, se comparado com certas obras maiores, mas proporcionou-me momentos de introspecção bastante interessantes. Enfim, gostei de assistir ao filme.
:-)
Abraço.

Jorge Pinheiro disse...

Também não desgostei, mas não me vou lembrar dele nem me apetece ver outra vez.