quarta-feira, maio 02, 2012

O bom e o bonito

Já foi na semana passada, se bem me lembro, que assisti à projecção deste filme. Uma experiência muito reconfortante, posso dizer sem que me trema a alma nem se me descaia a postura intelectual. A fotografia a preto e branco cria sempre em mim a sensação de estar a assistir a cinema verdadeiro, mais do que o incomodativo 3D da moda, dos óculos de plástico e da bela pipoca. Talvez seja como diz Paul Auster em O Livro das Ilusões, talvez o preto e branco crie a sensação de estarmos perante algo que recria a realidade ou lhe confere uma outra dimensão, algo que não a imita simplesmente, como acontecerá com a cor e (acrescentamos nós em pleno século XXI) com o 3D da moda, dos óculos de plástico e da bela pipoca. Ao invés de pretender trazer a realidade para dentro da sala de cinema, Tabu oferece-nos cinema. É tão simples! E essa oferta é feita com tal plenitude e de modo tão sincero que damos por nós mergulhados num imaginário de tremenda beleza. Muito sinceramente, recomendo a todos os que tenham a oportunidade. Ver Tabu, o filme de Miguel Gomes, limpa muita porcaria que possamos ter agarrada aos olhos. Vão por mim, caríssimos, acreditem e vejam para poderem acreditar naquilo que vêem.

4 comentários:

cidadão exemplar disse...

eu não te disse? o melhor filme que vi nos últimos longos tempos. e português vê lá tu...

o dear coiso

Silvares disse...

Depois de "Sangue do meu sangue" foi o filme português que vi com maior agrado.

Beto Canales disse...

Mais um pra lista...

Silvares disse...

Beto, o cinema português produz, de vez em quando, uns objectos assim estranhos e belos.