Estivera tanto tempo calado que havia esquecido o dom da fala. Observando uma mulher que passava no caminho, ao fundo da ravina, quis chamá-la. Abriu a garganta, abriu a boca, encheu os pulmões de ar e emitiu um som absolutamente aterrador. Lá em baixo a pobre mulher desatou a correr como se fosse doida, levantando uma nuvem de poeira que poderia confundir-se com a nuvem produzida por um pequeno exército em debandada.
Abatido pelo resultado da desastrada tentativa, o eremita regressou à escuridão do seu buraco e meditou. Meditou durante muito tempo. Ao que se sabe a meditação não lhe restituiu o dom da fala mas levou o eremita a tomar a decisão de regressar ao convívio dos seus semelhantes.
Ainda hoje pedia esmola junto ao templo, protegido pela sombra da muralha. Todos julgam que ele é mudo.
Continua a meditar.
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