segunda-feira, janeiro 17, 2022

Imaginação ruminante

    

Saudade morta; técnica mista, tamanho A3; Janeiro de 2022

    A coisa nem sempre é fácil, por vezes é mesmo bastante difícil. Partir para cima de uma narrativa visual sem qualquer plano pré-determinado poderá parecer uma insensatez. Na verdade não é. Na verdade isso faz parte de um processo. Chamo-lhe "hibridização anárquica" e expliquei-o aí atrás num post qualquer (fui procurar e encontrei esse tal post no dia 30 de Julho de 2009!). Releio o texto e fico satisfeito. Parece-me que o processo fica bem explicado.

    Entretanto passaram 12 anos e picos sobre o texto referido e continuo a produzir imagens seguindo o mesmíssimo processo. Criar imagens sem pretexto é uma actividade que me apaixona. Normalmente sou uma pessoa pouco aventureira, gosto de ficar por casa, sou um tipo dado a confinamentos. Se não tiver outras  metas a atingir posso fazer 2 ou três desenhos num dia... ou não fazer nenhum ("ai que prazer não cumprir um dever, ter um livro pra ler e não o fazer").

Diversos títulos; à esquerda a matriz criada segundo o processo de hibridização anárquica em tamanho A3, os outros 2 desenhos são em suporte de papel com 50X65 cm, o do centro a canetas de gel, o da direita com tinta da China.

  Os produtos deste processo anárquico acabam por estar na origem de trabalhos muito mais ordenados, feitos a partir de projecções de fotos que tiro aos ditos desenhos selvagens. Aí a questão coloca-se muito mais ao nível da técnica. Algumas coisas podem ser alteradas (normalmente há alterações) outras acrescentadas. É uma anarquia mais suave.

    Tudo isto é fruto de uma sensibilidade sem freio, deixada a pastar nos prados imensos da imaginação. Uma sensibilidade ruminante e pascácia que me faz pensar sobre a vida intelectual das vacas e das ovelhas. Serão animais assim tão desinteressantes?

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