sexta-feira, março 27, 2015

Pudor

Há dias lixados: um gajo acorda com o estômago encolhido por uma espécie de náusea, uma coisa assim a dar para o esquisito. Uma náusea que até lhe é familiar mas, nessa precisa manhã, parece que não é aquela, parece que é outra náusea, outra angústia. Parece que sendo nossa, esta coisa é de uma outra pessoa.

De início não se percebe muito bem que porra é aquela. Uma angústia indefinida, um apertar do coração. Ainda que o sol brilhe num céu tão azul que parece tirado do genérico dos Simpsons, o apertão incomoda não se percebe bem nem onde nem porquê. Não faz sentido.

Depois começa-se a suspeitar que possa ser das botas. Muito calor para ter calçado aquelas merdas, uma em cada pata. Mas não, as botas que se lixem, já sei...! Dormi foi pouco. Mas até que nem é verdade. Ontem até te deitaste cedo e dormiste descansado (pelo menos é o que recordas do teu sono).

Então que raio de filha da putice é que te está a enrolar os miolos nos tomates, a deixar-te azedo e controverso?

Até te parece que estás a começar a perceber... já sabes! Mas tens pudor em falar nisso.

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