domingo, março 06, 2016

Adeus Cavaco

Aproxima-se o dia em que Cavaco Silva regressará ao nevoeiro de onde nunca chegou realmente a sair. Após tantos anos a ver a vulgaridade e a estreiteza de espírito ocupando a governação do país, como um vírus ocupa o corpo enfermo, chega, finalmente, a hora do adeus. Adeus Cavaco.

Eu nunca gostei de Cavaco. Posso mesmo dizer que sempre o detestei. Nos dias que correm vejo nele, apenas, um velhote meio senil, Já não sinto mais do que desprezo pela personagem.

Leio alguns artigos sobre o tema deste adeus português, as opiniões de certas figuras mais ou menos públicas, de jornalistas... parece haver uma cautela generalizada em classificar a longa penumbra cavaquista que obscureceu Portugal durante todos os anos em que Cavaco foi 1.º ministro e, depois, presidente da república. Todos dizem que é prudente deixar a História julgar o legado que este ser vivo deixa à nação portuguesa.

Fico a matutar no assunto. Irá a História colocar Cavaco numa prateleira mais ou menos dourada? Será a sua mediocridade transformada em virtude com o passar do tempo? É bem possível que tal aconteça e que, daqui a muitos anos, quando Cavaco for apenas mais um nome numa longa lista de personagens históricas, seja visto como um estadista cauteloso e frugal, um homem interessado em fazer de Portugal aquilo que o nosso país é.

A História enverniza, limpa e enaltece tanta gente que Cavaco não será, certamente, excepção. Por agora basta. Adeus, ó Cavaco.


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