domingo, novembro 22, 2015

Relevância individual

Parece-me que a aspiração máxima da maioria das pessoas é sentirem-se relevantes. Não precisam de sentir-se muito relevantes, um bocadinho relevantes já é bom. Algo próximo dos célebres "5 minutos de fama" que Warhol sonhava ser o futuro de cada um de nós, numa sociedade hipermediatizada.

A senhora que fala da vida da vizinha do rés-do-chão apenas quer sentir-se relevante no dia da vizinha do 2º andar, que a escuta muito interessada na história. Tão interessada se mostra a senhora do 2º andar que a outra se sente impelida a juntar uns pozinhos de imaginação delirante e a pobre vizinha do rés-do-chão ganha contornos de monstro estranho. Mais tarde haverá espaço para algum remorso mas isso... só mais tarde.

O líder que ganha o respeito do seus seguidores por ter mostrado músculo e vontade de agir sente que, de súbito, a sua relevância cresceu de modo extraordinário. Agora não há como voltar atrás sem perder relevância. Assim, enebriado pelo amor que sente desprender-se dos que o admiram, o líder avança cada vez mais depressa em direcção ao que poderá vir a ser um desastre. E depois? O seu desejo de ganhar mais e mais relevância aos olhos dos que esperam dele o mundo, a lua e mais qualquer coisa... essa coisa que deitará tudo a perder, faz com que ele lidere com maior empenho ainda.

Os exemplos iriam por aí abaixo mas bastam a coscuvilheira e o líder carismático para justificarem este meu pensamento matinal: a maioria das pessoas só pretende sentir-se um pouco relevante. Não precisa de sentir-se muito relevante, um pouco basta.

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