sexta-feira, novembro 23, 2012

Sonhar não é igual a dormir!

Pergunto a mim próprio porque insistem certos pensadores, alguns intelectuais e muitos bestuntos pretensiosos em afirmar que o mundo resvala para o abismo, que perde qualidades éticas e estéticas, que, em suma, se vai desvanecendo a idade do vinho e das rosas que teremos em mãos e deixamos escorrer entre os dedos como areia fina a procurar solo horizontal defronte ao mar?

Para que esta imagem pudesse materializar uma vaga realidade que fosse, necessário seria que o nosso mundo alguma vez houvesse tido como principais qualidades a ética ou a estética. Isto alguma vez terá acontecido?

O mundo não está menos ético ou menos estético pela simples razão de estes valores nunca foram características dominantes. A mistura ponderada de ética e estética, essa eterna utopia da "Beleza", demanda mais nebulosa ainda do que a do Santo Graal, é uma espécie de mito democrático nascido no horizonte longínquo da mais antiga das grécias que somos capazes de convocar na nossa desorganizada memória colectiva.

O mundo não está mais nem menos, está exactamente na mesma, como a lesma. Talvez o problema não seja a realidade mas sim as expectativas que construímos na tentativa de conseguir um objectivo comum. Imaginámos que poderia haver uma mais equitativa distribuição da riqueza? Está bem abelha.

"O sonho" soa quase igual a "o sono" que, como bem entendemos, estão longe de ser uma e a mesma coisa embora soem de forma perigosamente idêntica aos nossos ouvidos. Quantas vezes sonhamos acordados e dormimos sem sonhar?

5 comentários:

Anónimo disse...

São sem dúvida as expectativas e os meios de comunicação dessa sociedade de consumo que nos fazem ficar frustrados e decepcionados com as desigualdades. Elas sempre existiram, talvez até em proporções muito maiores. Mas a realidade, nos últimos séculos, onde houve muito progresso, nesse sentido, esta sempre muito aquém dos nossos desejos.

Silvares disse...

Eduardo, vivemos em overdose de expectativas...

Jorge Pinheiro disse...

São conhecidos os saltos civilizacionais. O mundo está sempre à beira da decadência e perto de se exceder. Próximo do abismo e quase a levantar-se. É estranho que ao longo dos milénios de História, os recuos e avanços pouco ou nada dependeram da ética. da estética ou da moral. Estamos na mesma, apenas com expectativas mais altas e mediatizadas. Mas há uma luz. Senão não andávamos preocupados. A questão é que a luz não é a mesma para todos. E os interruptores são muitos.

Silvares disse...

Jorge, terá havido poetas na pré-história?

Anónimo disse...

Boa pergunta, Rui.